Por que magrofobia não existe?

Por que magrofobia não existe?

Sempre que tentamos falar sobre gordofobia, seja na Internet ou fora dela, surge:

“Mas todo mundo sofre!” ou

“Eu sou magra e também sofro”

Quando alguém diz: mas eu sofro magrofobia!

Aí você, gorda, para, respira, e tenta não perder o controle, né? Mas por dentro pensa: “Como alguém ousa dizer que nesta sociedade, gordas e magras sofrem igualmente?!” Com uma visão mais otimista você sabe que se pararem cinco minutinhos logo irão perceber que não. Ser muito gordo (ou pouco também) e ser muito magro levam à pressões e opressões sim. Mas são bem diferentes, em forma, nível e intensidade.

Dentro desta sociedade machista em que somos socializadas, apenas o fato de ser mulher já nos imprime uma carga gigantesca de opressão. E se você é mulher gorda, aí isso só aumenta. Assim, mulheres gordas e magras comungam de uma mesma opressão: o machismo e a pressão estética que dele deriva. Até aí tudo ok. Até aí toda mulher é vítima de uma sociedade que determina como ela deve ser, e a qual padrão ela deve atender. E isso causa dor porque esses padrões são muitas vezes inalcançáveis, e nos leva a passar a vida numa tentativa frustada de conquistá-los.

Desde criança toda mulher é ensinada a se preocupar com o peso, a ser vaidosa, a viver numa batalha diária contra a balança. Até aqui magras e gordas são igualmente vítimas de pressão estética. É essa pressão/opressão que magras sofrem. E em momento nenhum colocamos em dúvida que isso gera sofrimentos e dores na autoestima e no dia a dia dessas mulheres. Mas, diferente do que alguns alegam, não existe um sistema estrutural e sistemática que mina essas pessoas em todas as esferas da sua vida social e profissional, lhes tirando direitos e oportunidades, e é por isso que podemos afirmar que MAGROFOBIA NÃO EXISTE.

Enquanto a gordofobia é uma opressão estrutural, como já falamos algumas vezes aqui, a pressão estética é um aspecto do machismo e de sua reverberação sob a vida das mulheres. Por isso, é triste quando gordas e magras entram numa competição para decidir quem sofre mais e quem merece mais atenção, enquanto poderíamos estar juntas lutando contra o mal maior e que nos oprime igualmente. Nós, gordas, sabemos o quão a gordofobia nos mata dia-a-dia e como temos que combatê-la: primeiro, de uma forma mais subjetiva, aceitando nossos corpos e reconstruindo diariamente nossa autoestima e segundo, confrontando os poderes públicos e a sociedade em geral em busca da garantia do nosso direito de existir e viver. Por isso existe esse movimento antigordofobia.

Entendido? Isso não é uma olimpíada do sofrimento. Quando você ouvir sobre gordofobia não diga que isso é mimimi e que a vida é assim, pois todo mundo sofro. Isso magoa, fere e atrapalha nossa vida. Tenta trabalhar a partir da perspectiva da Empatia, comece assistindo esse vídeo fofo e didático:

Magrafobia não existe, mas estamos aqui para todas as mulheres e pelo fim da gordofobia.

Texto complementar da Revista Capitolina: http://revistacapitolina.com.br/entendendo-diferenca-entre-pressao-estetica-e-gordofobia-sim-ela-existe/

Vídeo:

5 comentários sobre “Por que magrofobia não existe?

  1. Se magrofobia não existe, significa que todas as agressões que sofri no tempo do colégio, sendo chamada de esquelética, vara-pau, bunda seca, morta de fome, dentre várias outras coisas, não significa nada? Ir na casa de amigos e ver a mãe deles achar que eu estava doente ou que minha família não cuidava adequadamente de mim porque eu estava abaixo do peso, nada disso é real? Mudem o discurso. A gordofobia existe. Magrofobia também. São opressões com roupagens diferentes. Mas o sofrimento de uma mulher gorda não anula o meu. Tenho pleno direito de levantar essa bandeira. Vocês afirmam que não deve haver “olimpíada de sofrimento”, mas claramente clamam pelo pódio.

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    1. Lana, como falamos no texto, não deslegitamos e invalidamos o sofrimento das mulheres magras. Ele existe, é real. Nossa intenção no texto é elucidar a diferença entre gordofobia e pressão estética. Se acreditássemos que a magrafobia é tão estrutural e opressora na vida das mulheres quanto a gordofobia, com certeza também apoiaríamos esta bandeira. Mas infelizmente vemos que é apenas um discurso para deslegitimar nosso movimento antigordofobia.

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  2. Não é porque existem mais casos de gordofobia que magrofobia não existe. Argumento inválido. Até porque, como foi dito, pra que lutar pra saber quem sofre mais e quem precisa de mais atenção se podemos lutar contra tudo isso juntos?

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  3. Bem, gordofobia existe sim, magrofobia tbm, ambos sofrem e afirmo que magrofobia existe sim, não estou menosprezando a gordofobia, pois unica diferença e de ambos é o excesso de gordura/ falta extraordinária da gordura, assim como mulheres gordas tbm sofremos igualmente, sofrem por auto estima, piadas imbecis, problemas pra achar roupa (ou vc achar que é legal ser adolescente(21/18/16) e so ter roupa infantil de 11 anos? ou roupas super largas) por tanto ambos sofrem, e as piadinhas machista? mulher tem que ter oque “pegar”, tem que ter peito, bunda, olhe ela toda seca. Como acha que isso significa pra autoestima de uma mulher? agr só porque quem tem excesso de peso e preferiria ter o problema de ser magra demais, as magras tbm queriam ser excesso de gordura, isso não anula que ambas sofrem, e invés de se unirem pra acabarem com a porcarias do rótulos, ficam nessa de que ah “Gordofobia não existe” “magrofobia não existem” PAREM SE UNAM E DESTRUAM OS RÓTULOS.

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